Dediquei meus anos ao vinho
Tantos que a sarjeta é meu lar e meu abismo
Não me arrependo, mas eu sinto
Que não me cabe mais nas costas o carma de Dionísio
Brinquei com a vida e namorei a morte
Fumei cigarros, amei sem querer, fui jovem
Chorei e praguejei a minha sorte
De velar outros vadios que morreram de cirrose
Meus cabelos alvos contam que o tempo não é mais meu
Já não sou mais um amante libidinoso
Sou só lembranças, um velho, fraco, roto
Que vê que o seu mundo, já não mais seu
Eu queria apenas um último gole
Com os velhos companheiros de esbórnia
Dançar, sorrir, trepar, enquanto a morte
Me leve de porre para o nunca
É, acho que estou meio sentimental hoje
Vou encher meu copo que passa.