quarta-feira, 23 de maio de 2018
Egoísta
Egoísmo é escrever sobre a própria dor
Mas se sou gente, o que sou
Além de egoísta?
Cantar as mazelas, o amor perdido
As vezes soa tão bonito
Mas é mero egoísmo
E quantos, quantos não gastam as noites
A olhar para o próprio umbigo
E suspirar por desejos?
E o que é o amor,
se não
Um ato violento de egoísmo?
O lirismo da próprio sangue, da própria carne
É mundano
Humano, demasiadamente, humano
Mas se sou gente, se sou ego
O que resta é minha sina
De ser egoísta
domingo, 6 de maio de 2018
Um breve poema sobre o cemitério
O que é o homem além das memórias
Que deixa em uma cova rasa
Ou um mausoléu de mármore carrara?
A vida que se leva, se leva no túmulo
Distingue o príncipe do escravo
A morte, quem diria, também conta os centavos
Quantas viúvas choram o indigente?
Quantas coroas tem um sepulcro caiado?
O jazigo número duzentos e oitenta e quatro
Não virará nome de rua neste século
Que deixa em uma cova rasa
Ou um mausoléu de mármore carrara?
A vida que se leva, se leva no túmulo
Distingue o príncipe do escravo
A morte, quem diria, também conta os centavos
Quantas viúvas choram o indigente?
Quantas coroas tem um sepulcro caiado?
O jazigo número duzentos e oitenta e quatro
Não virará nome de rua neste século
terça-feira, 1 de maio de 2018
Confissões de Gonçalo, um mandrião de mão cheia.
Dediquei meus anos ao vinho
Tantos que a sarjeta é meu lar e meu abismo
Não me arrependo, mas eu sinto
Que não me cabe mais nas costas o carma de Dionísio
Brinquei com a vida e namorei a morte
Fumei cigarros, amei sem querer, fui jovem
Chorei e praguejei a minha sorte
De velar outros vadios que morreram de cirrose
Meus cabelos alvos contam que o tempo não é mais meu
Já não sou mais um amante libidinoso
Sou só lembranças, um velho, fraco, roto
Que vê que o seu mundo, já não mais seu
Eu queria apenas um último gole
Com os velhos companheiros de esbórnia
Dançar, sorrir, trepar, enquanto a morte
Me leve de porre para o nunca
É, acho que estou meio sentimental hoje
Vou encher meu copo que passa.
Tantos que a sarjeta é meu lar e meu abismo
Não me arrependo, mas eu sinto
Que não me cabe mais nas costas o carma de Dionísio
Brinquei com a vida e namorei a morte
Fumei cigarros, amei sem querer, fui jovem
Chorei e praguejei a minha sorte
De velar outros vadios que morreram de cirrose
Meus cabelos alvos contam que o tempo não é mais meu
Já não sou mais um amante libidinoso
Sou só lembranças, um velho, fraco, roto
Que vê que o seu mundo, já não mais seu
Eu queria apenas um último gole
Com os velhos companheiros de esbórnia
Dançar, sorrir, trepar, enquanto a morte
Me leve de porre para o nunca
É, acho que estou meio sentimental hoje
Vou encher meu copo que passa.
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