Quando eu acordei tudo estava cinza
E cheirava borracha o ar
E eu não tinha mais pincéis e nem tinta
Tentei dormir, mas não podia sonhar
Quando eu acordei, percebi que meus ouvidos
Mastigavam ruídos fabris
Eu gritei, mas ai de mim que não tinha mais voz!
Debatia-me em paredes febris
E se eu saltasse do bonde? Pensei…
Ah vã ilusão!
A roda não vai parar de girar
E o mundo não cairá no chão
Aceite a rotina
Aceite que estás crescido
Maduro, tendendo ao podre
Que até a última gota do seu sumo
Será devida para se manter em vida
Que o café sairá aguado
Que teu açúcar será amargo
E que amanhã será para sempre
O mesmo dia