sábado, 13 de novembro de 2021

Este Poema

 

Este poema carrega o peso do vazio

Palavras rotas e um grito de desespero

Este poema carrega um último suspiro

E é frio como um último beijo


Eis, este poema que é pulsão de morte

Que é o canto lânguido a beira da sepultura

Eis, que este poema é um desejo torpe

De viver outra vida futura


Este poema que apodrece 

Estas ilusões de sonhos rubros

E os anjos que cantam 

De olhos fechados no escuro


Este poema celebra a decadência

Este poema é o mais nada a dizer

Este poema que nasceu podre

Ofereço a você


Este poema...ah este poema


Este poema que tem frágeis mãos enrugadas

Este poema que tenta não morrer de tédio

Este poema que existe para não morrer de velho

Este poema que luta para viver.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

O Antipoema

 

Eu queria escrever um poema sobre a solidão de não estar sozinho

Sobre o desespero de saber sempre para onde ir

A angústia dos dias previsíveis 

A dor de não mais sentir


Eu queria gritar meus dias silenciosos

E despertar dessas noites de sono sem sonhos

Eu queria cantar a tristeza de não estar triste

E pintar o sorriso no meu rosto morno


Eu queria escrever um poema com o sangue que não me corre as veias

Eu queria rimar com palavras que não conheço o sentido

Mas o lirismo fugiu de mim e o que posso fazer?

Se não abraçar o entardecer de meus dias?


Eu queria escrever um poema, só mais um poema

Mas não cabe a mim ser Deus neste momento

Apenas a luta para viver uma gota que seja

Sobrou a este velho coração.


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Sexta-feira 13

 




Anoitecendo, escuto um barulho em minha janela

Assusto-me

Mas era só o vento, eu penso


O barulho permanece, continua anoitecendo

Mas era só o vento, imagino

Escurece meu pensamento


O barulho, mais uma vez, um susto

Um sentimento frio me domina

E a porta se fecha sozinha


É só o vento, apenas o vento

Mas o que penso, não é apenas isso

Então, com a alma temerosa, decido


Ei de ver o que há na janela


Abro, lentamente, com medo

E para minha surpresa

Um gato preto.


Ele invade meu quarto

Deita-se em minha cama

E, subitamente, hipnotiza-me com seus olhos esmeralda


Gato, gato, gato


Minha mente repetia o mantra

Servi-lhe comida em minha mais cara porcelana

Dei-lhe vinho e vi que era uma escrava


E aos poucos o gato me matava




quarta-feira, 28 de julho de 2021

...


Enquanto eu dormia anoiteciam meus pensamentos

A embriaguez de uma lembrança

Toma meu coração em tormento

Nunca mais te verei


Enquanto eu dormia eu sonhava contigo

Sua pele aquecia meu coração

Mas tudo quebrou-se como um objeto antigo

Não mais te tocarei


Enquanto eu dormia tinha você novamente

Eu sentia o sabor do seu sorriso

Seu rosto refletia uma luz áurea, eu estava contente 

Nunca mais sorrirei


Enquanto eu dormia você também dormiu

Descansa agora eternamente

A vida escorre entre meus dedos

Te dou meu último beijo, para sempre

 

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Talvez eu devesse escreve um poema

 

Talvez eu devesse escrever um poema

Para enfrentar a paralisia do tempo

Mas as palavras se perderam na minha cabeça

E eu sempre fracasso quando tento


Se eu escrevesse um poema

Eu sempre penso

Mas derrubo essas ideias do cavalo

Porque delírios de artista é coisa de momento


Talvez eu devesse escrever um poema

Essa voz grita aqui dentro

Mas eu fecho meus olhos e ouvidos

E não, eu não tento


E se eu escrevesse um poema?

É o que sempre penso

Mas todo dia eu esqueço meus delírios

E enterro meus sonhos em cimento


Talvez eu devesse escrever um poema

Mas são só ideias ao vento

Talvez eu devesse enlouquecer

Por apenas um momento

sábado, 20 de março de 2021

Eu não acredito em poesia

 



Eu não acredito em poesia

Meus olhos já estão fartos de ilusões

De jogos com palavras vazias


Eu não acredito em poesia

Eu não acredito no não dito

Nas entrelinhas


Eu não acredito em poesia

Em um mundo tão feio

É uma patifaria


Eu não acredito em poesia

Não, eu não creio

Que se possa sentir em rima


Não, eu não acredito em poesia

Esses meus olhos marejados

Por essas farsas de palavras

É apenas mentira. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

...

 

Onde foi parar meu rosto?

Perguntei ao espelho

Ele me respondeu sem dizer

E percebi não ter mais corpo


Onde foram parar meus pensamentos?

Perguntei se voaram com o vento

Ou se foram presos em uma caixa de pandora

E alguém jogou a chave fora


Onde foram meus demônios, meus anjos?

Procurei em meus sonhos

E percebi que meus olhos fechados

Viam apenas uma escuridão vazia


Onde foi parar minha voz?

Gritei em silêncio

E o silêncio me respondeu

Com um eco seu.